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terça-feira, 30 de outubro de 2012


A origem do povo judeu

 
A origem do povo judeu mistura-se aos livros sagrados do judaísmo, cristianismo e islamismo. É importante traçar aqui a genealogia deste povo uma vez que, mesmo nos dias de hoje, os fundadores destes povos ainda são lembrados e invocados. Se você acha que quem vive de história é museu, é bom rever seus conceitos. Nós só vivemos o presente e este é, justamente, a resultante de todo o nosso passado. Mais precisamente, entender o conflito no Oriente Médio é uma tarefa complexa. A civilização nasceu naquela região. Então, irei me ater apenas ao que realmente interessa para fins de entendimento do conflito Israel e Palestina. Mesmo assim, o texto é longo e não poderia deixar de sê-lo.
Anjo impede que Abraão sacrifique seu filho por Jeová

A origem do povo hebreu
O povo hebreu é um povo semita (um ramo lingüístico comum a hebreus e árabes), descendente de Éber, filho de Noé, que por sua vez é descendente da 9ª geração de Adão e Eva e era formado por pastores nômades viviam na cidade de Ur, na Mesopotâmia. Ali, às margens do Rio Eufrates, nascia Abrão, filho de Terá, no seio de uma família politeísta. Abrão desde cedo se recusou a aceitar o politeísmo e a idolatria às estátuas e aos astros. Tentou convencer seu pai e o povo de que tudo aquilo deveria ser obra de um único deus. O rei de Ur, Nimrod, sentiu-se particularmente ameaçado e insultado, pois ele mesmo queria ser considerado um deus. Ele condenou Abrão a morrer dentro de uma fornalha ardente, mas, milagrosamente, Abrão saiu da fornalha sem se queimar.
Por volta dos seus 75 anos, o deus de Abrão (chamado aqui de Jeová) finalmente se revela e pede para que Abrão deixe sua terra e parta para outro lugar. Ele se dirige para Canaã com sua mulher Sara, com sua família e com os convertidos ao monoteísmo, mas no meio do caminho resolve parar na cidade de Harã (atual Turquia), que também era um grande entreposto comercial no Oriente. Em Harã, Jeová faz um pacto com Abrão, prometendo descendência numerosa, o rebatiza como Abraão (que significa “pai ou líder de muitos”) e lhe promete uma terra para seus descendentes. Esta terra prometida era Canaã (que é hoje onde fica Israel, Sul do Líbano e parte da Síria). Abraão continua sua longa peregrinação até a terra prometida, de acordo com a aliança firmada com Jeová. Canaã era habitada por cananeus, descendentes de Cam (neto de Noé). Entre outros deuses, os cananeus adoravam Baal e El, deus dos deuses. Este sincretismo entre Abraão e cananeus iria ser a base do monoteísmo judaico. Na verdade, os povos seminômades adoravam diversos deuses, mas precisava-se de um único deus forte para justificar um estado teocrático que desse respaldo para a autoridade de um único rei. As histórias, que eram apenas passadas oralmente de geração a geração, começaram a ganhar forma, cronologia, e assim, entre 1700 a.C e 400 a.C (as datas diferem, pois, ainda não há consenso), o Torá (ou Pentateuco) começou a ser redigido e incluía os livros: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
Uma vez em Canaã, Sara, mulher de Abraão, estéril e pretendendo dar um filho a seu marido, ofereceu sua serva egípcia Hagar para que gerasse o primeiro filho a Abraão. Hagar então gerou a Ismael, considerado pelos muçulmanos como o ancestral dos povos árabes. Mais tarde, aos noventa e nove anos, Abraão foi circuncidado e após Deus ter anunciado que Sara daria a luz a um filho - Isaac, que seria o herdeiro da promessa (de gerar uma grande nação). Isaac nasceu no ano seguinte a esse anúncio. Isaac foi instrumento da maior prova de fé de Abraão, quando Deus ordenou que ele levasse Isaac ao alto de uma colina para sacrificá-lo. Ao ver que Abraão, resignado e com uma faca pronta para degolar o seu filho, Deus enviou um anjo a segurar sua mão, impedindo de matá-lo.
Por volta de seus 60 anos, quando Abraão já tinha 160, Isaac teve filhos gêmeos com sua esposa, Rebeca. Nasceram Esaú (primeiro a sair do ventre e, portanto, primogênito) e Jacó. Quando Isaac estava velho, cego e achando que estava prestes a morrer, pediu para que Esaú sair, caçar e lhe fazer um bom guizado, prometendo logo em seguido abençoar o filho antes de morrer. Quando Esaú saiu, Rebeca chegou Jacó, seu filho preferido, e fez um guizado. A idéia era que Jacó se passasse por Esaú para receber a bênção de Isaac. Dito e feito, Jacó engana o pai enquanto Esaú ainda estava fora para caçar e entrega o guizado. Depois de ter comido, Isaac abençoou Jacó e disse: "Deus te dê do orvalho do céu e da ferilidade da terra. As nações hão de inclinar-se diante de ti e tu serás o senhor de teus irmãos. Maldito seja quem te amaldiçoar e bendito quem te abençoar!". Foi assim que Jacó se tornou herdeiro das promessas. Quando Esaú chegou, ficou furioso e planejou matar Jacó.
Jacó fugiu para a Mesopotâmia e ficou por lá por 20 anos, até deus pedir para ele regressar à terra de seu pai, ao que ele prontamente obedeceu. No caminho, um homem misterioso lutou com ele até pela manhã. E disse-lhe então:"Deixa-me porque já vem vindo a aurora". Jacó respondeu: "Não te deixarei partir enquanto não me abençoares". O homem misterioso disse-lhe "Daqui em diante não te chamarás Jacó, mas Israel - que quer dizer guerreiro de Deus - porque se lutaste com tanta valentia com Deus, muito mais forte serás contra os homens". E o abençoou.
Mais tarde, Esaú reconciliou-se com Jacó. Este teve doze filhos (10 filhos dele e 2 adotados): Rúben, Simeão, Levi, Judá, Dan, Neftali, Gad, Aser, Issacar, Zabulon, José e Benjamim. Estes dariam origem às 12 tribos de Israel. Elas sairam de Canaã numa época difícil para a agricultura e se estabeleceram no delta do rio Nilo, no Egito. Alguns acabaram subjulgados e escravizados pelos egípcios. Moisés, por volta de 1500 a.C, os levou de volta à terra prometida. Lá, eles viveriam como tribos independentes até o Rei David fundi-las num único reino judeu, numa única e forte monarquia cuja capital passaria a ser Jerusalém (então, Cidade de David). Nascia o povo judeu, conforme a tradição bíblica nos conta.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Selo-de-salomão, com o despertar da Primavera
O despertar da Primavera traz uma explosão de cores, formas e perfumes. O selo-de-salomão (Polygonatum odoratum (Mill.) Druce) que vive escondido no subsolo durante o Inverno, renasce com o chegar da Primavera, sendo difícil não se dar pela sua presença nos raros locais onde o conseguimos encontrar, não pela cor ou odor, mas pela forma e número de indivíduos que crescem numa mesma área.
A primeira vez que observei selo-de-salomão foi na Mata da Margaraça, numa altura em que por lá me encontrava a fazer um estágio. O estágio iniciou-se antes da Primavera, mas com a chegada desta estação a natureza despertou, e a presença do selo-de-salomão seduziu-me, pela forma peculiar das suas hastes arquearem como que reverenciando as árvores que lhe dão a sombra da qual precisam para se desenvolver.
A taxonomia vegetal é conhecida pelos muitos pontos de vista sobre o mesmo problema, o que leva muitas vezes à discordância relativa à classificação de algumas espécies. A Liliaceae é uma daquelas famílias que agrupava um grande número de plantas com flor que, mais recentemente após revisão das características identificativas das diferentes espécies, acabou por distribuir muitas delas por cerca de trinta famílias diferentes. O selo-de-salomão é uma dessas plantas, enquadrada no género Polygonatum que inclui mais de 50 espécies de plantas com flor, pertencentes à família das Ruscaceae, embora anteriormente pertencesse à família das Liliaceae.
O selo-de-salomão é uma planta herbácea vivaz, ou seja, vive mais de dois anos. Contudo, a sua parte aérea renova-se anualmente a partir de rizomas (caule subterrâneo alongado e tuberoso, com disposição mais ou menos horizontal e folhas reduzidas a escamas, onde a planta armazena substâncias de reserva). Os seus caules subterrâneos brancos desenvolvem-se a pouca profundidade. Das suas hastes arqueadas saem folhas elípticas, de margem inteira, dispostas em dois renques paralelos. As suas flores branco-esverdeadas estão agrupadas em cachos de duas ou três, encontrando-se resguardadas sob as folhas. Apesar do epíteto odoratum, que faz supor que esta seria uma planta de perfume intenso, na verdade a sua fragrância é agradável mas muito suave, sendo apenas detectável quando se aproxima o nariz da flor. As flores são hermafroditas, ou seja, apresentam gineceu (parte feminina da flor, formada pelo conjunto dos carpelos) e androceu (parte masculina da flor, formada pelo conjunto dos estames), sendo polinizadas pelas abelhas – polinização entomófila. Os seus frutos são drupas de cor azul/preta, mas não são comestíveis.
Esta é uma planta rara, que prefere climas atlânticos, podendo ser encontrada em bosques muito húmidos e sombrios. Em Portugal não existem registos da sua presença a Sul da Serra de Sintra. A área de distribuição natural do selo-de-salomão abrange toda a Europa e estende-se à Rússia e ao continente asiático.
A origem do nome selo-de-salomão dever-se-à à forma de carimbo arredondado com umas estruturas finas que fazem lembrar caracteres hebraicos, as quais podem ser observadas no Outono – altura em que a parte aérea da planta seca – quando se puxam as hastes na zona em que estas se ligam ao rizoma. Por sua vez, a sabedoria popular diz que o Rei Salomão colocou o seu selo nesta planta quando reconheceu o seu grande valor medicinal e protector. Muitas culturas atribuem características quase mágicas a esta planta. Efectivamente, o selo-de-salomão foi utilizado durante centenas de anos como planta medicinal com uma grande diversidade de aplicações, tais como contusões, diabetes, ferimentos, hemorróidas, inflamações, nevralgia, cardiotónico, diurético ou sedativo.

Ficha técnica:

Família: Ruscaceae             

Género: Polygonatum                                                                                

Espécie: Polygonatum odoratum (Mill.) Druce       

Nome vulgar: selo-de-salomão
Aspecto: planta herbácea vivaz, hastes verdes, pode chegar até a 1 metro de altura, com 20-35 cm de extensão; apresenta caules subterrâneos (rizomas) a partir dos quais se expande.
Folhas: do caule saem folhas simples, elípticas, de margem inteira, sem pecíolo e dispostas em fila ao longo do caule, dispostas em dois renques paralelos.

Flores: hermafroditas, branco-esverdeadas, agrupadas em cachos de duas ou três flores, pendentes, resguardadas sob as folhas; normalmente nascem nos segundos caules arqueados; floresce entre Maio e Junho.

Fruto: drupas azuis/pretas com 1,5 cm de diâmetro, tóxicas; surge entre Julho -Setembro.

Habitat: prefere climas atlânticos, bosques húmidos e sombrios.

Distribuição: a área de distribuição natural do selo-de-salomão abrange toda a Europa, estendendo-se à Rússia e ao continente asiático; em Portugal, a área natural de distribuição é o Norte e Centro, não existindo registos da sua presença a Sul da Serra de Sintra.

Curiosidades: os antigos romanos, no primeiro dia de Maio, queimavam olíbano e selo-de-salomão e penduravam grinaldas de flores diante dos seus altares em honra aos espíritos guardiães que olhavam e protegiam as suas famílias e as suas casas.
Dizia-se que as bruxas queimavam o selo-de-salomão nas suas fogueiras como protecção.
Na medicina popular, a infusão do seu rizoma é utilizada como diurético e estimulante do metabolismo; a maceração dos seus rizomas em álcool pode ser utilizada para aliviar dores reumáticas (utilização tópica).