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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Selo-de-salomão, com o despertar da Primavera
O despertar da Primavera traz uma explosão de cores, formas e perfumes. O selo-de-salomão (Polygonatum odoratum (Mill.) Druce) que vive escondido no subsolo durante o Inverno, renasce com o chegar da Primavera, sendo difícil não se dar pela sua presença nos raros locais onde o conseguimos encontrar, não pela cor ou odor, mas pela forma e número de indivíduos que crescem numa mesma área.
A primeira vez que observei selo-de-salomão foi na Mata da Margaraça, numa altura em que por lá me encontrava a fazer um estágio. O estágio iniciou-se antes da Primavera, mas com a chegada desta estação a natureza despertou, e a presença do selo-de-salomão seduziu-me, pela forma peculiar das suas hastes arquearem como que reverenciando as árvores que lhe dão a sombra da qual precisam para se desenvolver.
A taxonomia vegetal é conhecida pelos muitos pontos de vista sobre o mesmo problema, o que leva muitas vezes à discordância relativa à classificação de algumas espécies. A Liliaceae é uma daquelas famílias que agrupava um grande número de plantas com flor que, mais recentemente após revisão das características identificativas das diferentes espécies, acabou por distribuir muitas delas por cerca de trinta famílias diferentes. O selo-de-salomão é uma dessas plantas, enquadrada no género Polygonatum que inclui mais de 50 espécies de plantas com flor, pertencentes à família das Ruscaceae, embora anteriormente pertencesse à família das Liliaceae.
O selo-de-salomão é uma planta herbácea vivaz, ou seja, vive mais de dois anos. Contudo, a sua parte aérea renova-se anualmente a partir de rizomas (caule subterrâneo alongado e tuberoso, com disposição mais ou menos horizontal e folhas reduzidas a escamas, onde a planta armazena substâncias de reserva). Os seus caules subterrâneos brancos desenvolvem-se a pouca profundidade. Das suas hastes arqueadas saem folhas elípticas, de margem inteira, dispostas em dois renques paralelos. As suas flores branco-esverdeadas estão agrupadas em cachos de duas ou três, encontrando-se resguardadas sob as folhas. Apesar do epíteto odoratum, que faz supor que esta seria uma planta de perfume intenso, na verdade a sua fragrância é agradável mas muito suave, sendo apenas detectável quando se aproxima o nariz da flor. As flores são hermafroditas, ou seja, apresentam gineceu (parte feminina da flor, formada pelo conjunto dos carpelos) e androceu (parte masculina da flor, formada pelo conjunto dos estames), sendo polinizadas pelas abelhas – polinização entomófila. Os seus frutos são drupas de cor azul/preta, mas não são comestíveis.
Esta é uma planta rara, que prefere climas atlânticos, podendo ser encontrada em bosques muito húmidos e sombrios. Em Portugal não existem registos da sua presença a Sul da Serra de Sintra. A área de distribuição natural do selo-de-salomão abrange toda a Europa e estende-se à Rússia e ao continente asiático.
A origem do nome selo-de-salomão dever-se-à à forma de carimbo arredondado com umas estruturas finas que fazem lembrar caracteres hebraicos, as quais podem ser observadas no Outono – altura em que a parte aérea da planta seca – quando se puxam as hastes na zona em que estas se ligam ao rizoma. Por sua vez, a sabedoria popular diz que o Rei Salomão colocou o seu selo nesta planta quando reconheceu o seu grande valor medicinal e protector. Muitas culturas atribuem características quase mágicas a esta planta. Efectivamente, o selo-de-salomão foi utilizado durante centenas de anos como planta medicinal com uma grande diversidade de aplicações, tais como contusões, diabetes, ferimentos, hemorróidas, inflamações, nevralgia, cardiotónico, diurético ou sedativo.

Ficha técnica:

Família: Ruscaceae             

Género: Polygonatum                                                                                

Espécie: Polygonatum odoratum (Mill.) Druce       

Nome vulgar: selo-de-salomão
Aspecto: planta herbácea vivaz, hastes verdes, pode chegar até a 1 metro de altura, com 20-35 cm de extensão; apresenta caules subterrâneos (rizomas) a partir dos quais se expande.
Folhas: do caule saem folhas simples, elípticas, de margem inteira, sem pecíolo e dispostas em fila ao longo do caule, dispostas em dois renques paralelos.

Flores: hermafroditas, branco-esverdeadas, agrupadas em cachos de duas ou três flores, pendentes, resguardadas sob as folhas; normalmente nascem nos segundos caules arqueados; floresce entre Maio e Junho.

Fruto: drupas azuis/pretas com 1,5 cm de diâmetro, tóxicas; surge entre Julho -Setembro.

Habitat: prefere climas atlânticos, bosques húmidos e sombrios.

Distribuição: a área de distribuição natural do selo-de-salomão abrange toda a Europa, estendendo-se à Rússia e ao continente asiático; em Portugal, a área natural de distribuição é o Norte e Centro, não existindo registos da sua presença a Sul da Serra de Sintra.

Curiosidades: os antigos romanos, no primeiro dia de Maio, queimavam olíbano e selo-de-salomão e penduravam grinaldas de flores diante dos seus altares em honra aos espíritos guardiães que olhavam e protegiam as suas famílias e as suas casas.
Dizia-se que as bruxas queimavam o selo-de-salomão nas suas fogueiras como protecção.
Na medicina popular, a infusão do seu rizoma é utilizada como diurético e estimulante do metabolismo; a maceração dos seus rizomas em álcool pode ser utilizada para aliviar dores reumáticas (utilização tópica).





















 
 

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